Três Principais Tendências Emergentes na Gestão de Recursos Humanos

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Certamente, você já se deparou com uma série de artigos em diversos blogs tentando encapsular o futuro da gestão de recursos humanos em uma fórmula predefinida. Contudo, como bem sabemos, o campo dos recursos humanos é caracterizado por uma imprevisibilidade intrínseca, pois lida não apenas com o contexto empresarial em constante evolução, mas também com a natureza humana, que é fluida e constantemente surpreendente.

De fato, as sociedades contemporâneas estão enfrentando mudanças significativas, porém, é crucial exercer cautela ao tentar prever o que se tornará predominante no futuro. Assim, listar uma infinidade de tendências parece inadequado e pouco produtivo.

Portanto, nossa abordagem difere. Neste artigo, exploraremos três tendências emergentes fundamentais na gestão de recursos humanos, que, em nossa análise, moldam as mudanças de longo prazo no cenário da gestão de pessoas.

 

Compreendendo Tendências e Macrotendências na Gestão de Pessoas

O uso excessivo do termo tendência muitas vezes resulta na perda de seu verdadeiro significado em meio a um mar de informações. Segundo o dicionário Michaelis, “tendência” se refere à “evolução de algo em uma direção específica; orientação”, ou seja, é a direção que algo está tomando, neste caso, as corporações em um contexto determinado. O sufixo “macro” indica algo de grande escala, de longo prazo ou extenso.

Portanto, uma macrotendência representa uma orientação de longo prazo que as empresas adotam, reagindo às mudanças na sociedade em geral. Essas decisões orientam não apenas o que é novo, mas o que será consolidado no comportamento social e nas práticas empresariais.

Após esclarecermos esses termos, é possível identificar três grandes fatores que impactam diretamente a natureza da gestão de pessoas.

 

Impacto do Avanço Tecnológico na Gestão de Pessoas

A evolução tecnológica emerge como a primeira macrotendência na gestão de pessoas, impulsionando uma corrida acelerada para liderar o desenvolvimento tecnológico. Um dos principais focos dessa competição encontra-se na disputa entre Estados Unidos e China. Esse novo paradigma, com a inteligência artificial generativa em destaque, está redefinindo completamente a dinâmica de gestão empresarial. Mesmo que as empresas não incorporem diretamente essas tecnologias em seus processos produtivos, elas se encontram cercadas por recursos tecnológicos à disposição de seus colaboradores, literalmente ao alcance das mãos. Por exemplo, uma simples pesquisa no Google mobiliza uma vasta infraestrutura baseada em algoritmos e inteligência de alto padrão tecnológico. Esse fenômeno está cada vez mais se consolidando através de avanços como 5G, Big Data, Internet das Coisas e outras inovações tecnológicas.

No entanto, os gestores de pessoas devem abordar esse fenômeno com cautela e moderação. No contexto brasileiro, há um longo caminho a percorrer para consolidar essas mudanças com consistência. É importante ressaltar que o uso efetivo dessas tecnologias depende da capacidade humana de utilizá-las. De nada adianta disponibilizar ferramentas fundamentadas nesse novo padrão se os colaboradores não desenvolveram as competências necessárias para torná-las valiosas para os objetivos da organização. Portanto, é essencial que os profissionais de RH concentrem seus esforços no desenvolvimento dessas novas competências antes de implementar diretamente as tecnologias no cotidiano das tarefas.

 

Compromisso com a Sustentabilidade: Uma Macrotendência na Gestão de Pessoas

A promoção da sustentabilidade ambiental através de agendas dedicadas a esse fim surge como a segunda macrotendência na gestão de pessoas. Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de um compromisso global para alcançar metas até 2030, visando à proteção do meio ambiente, à garantia da dignidade humana e à promoção da prosperidade das nações. Para se alinhar a esses compromissos, as empresas desenvolveram uma abordagem que avalia e classifica sua conformidade com as metas de desenvolvimento sustentável. A Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG, na sigla em inglês) foi estabelecida como a ferramenta estruturada para definir os critérios dessa avaliação.

A partir desses parâmetros, as empresas são avaliadas de forma mais rigorosa em relação às suas propostas de valor e à forma como as buscam alcançar. Isso, naturalmente, afeta a concepção da gestão de pessoas dentro das organizações. Valores que antes não recebiam tanta prioridade agora são considerados com maior importância, como o impacto ambiental das operações na saúde, a qualidade das relações com os diversos grupos de interesse (stakeholders) e a transparência ética das atividades empresariais.

 

Promoção do Bem-estar e Segurança dos Colaboradores

No cenário atual, destaca-se cada vez mais a importância da relação entre a empresa e seus colaboradores. Diferentemente de épocas passadas, em que predominavam métodos de gestão verticalizados, a abordagem horizontal está ganhando espaço e se tornando mais consolidada. Isso não implica na renúncia às hierarquias e níveis de responsabilidade, mas sim na priorização de questões que antes não recebiam tanta atenção, como a saúde mental, a segurança física e patrimonial, e o bem-estar geral dos colaboradores no ambiente de trabalho.

O relatório da Mercer sobre as tendências globais de talentos para 2022-2023 destaca que 87% dos gerentes de Recursos Humanos e de riscos consideram o comprometimento da saúde do colaborador como um risco para o negócio. O estudo ressalta a responsabilidade do empregador em relação ao bem-estar dos funcionários:

“Cabe aos empregadores atender às necessidades não atendidas dos trabalhadores e garantir que eles estejam emocional, física, social e financeiramente saudáveis. Organizações relacionáveis demonstram empatia com as circunstâncias pessoais e familiares de seus funcionários.”

Os benefícios de promover uma cultura do cuidado são inúmeros: redução dos riscos do negócio, impacto positivo na continuidade, reputação e segurança da empresa, além de ser um dos fatores fundamentais para a competitividade no mercado.

 

Estratégias para o Departamento de RH diante das Macrotendências na Gestão de Pessoas

Em nossos artigos, enfatizamos que os colaboradores estão se tornando cada vez mais estratégicos para o sucesso das empresas. O aumento de sua importância traz consigo novas responsabilidades que demandam o desenvolvimento de novas competências. Uma dessas competências é a capacidade de avaliar com cautela as tendências emergentes na área de RH. É crucial observar como essas tendências estão se desenvolvendo dentro do contexto específico de sua própria organização. É importante compreender que essas mudanças são de longo prazo e gradualmente afetam o dia a dia da empresa, até se tornarem consolidadas. Ao adotar essa abordagem cuidadosa, é possível chegar a conclusões coerentes e realmente contribuir para a entrega de valor por parte da sua empresa.

Equipe Comprocard

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